Emprego ou Trabalho: Eis o dilema do mundo!

Tive de me ausentar (de lado nenhum, obviamente) a correr. Tive sensivelmente meia-hora, quarenta e cinco minutos para fazer a mala de uma semana, ou mais, sei lá. Peguei em tudo o que me poderá ser necessário e lá viemos nós. Se estava ansiosa no dia anterior, neste fiquei mais leve, o que acabou por se revelar novamente pesado, mas lá chegaremos!

Sem um tostão, lá vim eu, feita maluca, em tom de apoio e acompanhamento! Em vão. Chegamos cá para nada. A vaga de trabalho já tinha sido preenchida! Mais uma porta fechada... 200km de suspense e nervosismo, para dez minutos de lágrimas e 50€ perdidos em gasolina e portagens! O típico... que não deveria ser! 

Somos novos. Só temos de arriscar, mas estas pequenas aventuras têm-se feito em pó. Não se perde tempo, perde-se dinheiro que não temos! E esperança, acima de tudo.

As previsões não são boas. Nem a luz no fundo do túnel. Hoje somos 800 MIL desempregados. Assim o diziam no jornal da hora de almoço. Tenho que dar a mão á palmatória e fechar os olhos. Isto vai doer...

Não somos esquesitos. Estamos por tudo.

O que vai ser de nós?? Temos qualificações a mais para limpar ruas, mas a menos para atender um telefone??

Hoje, andámos a vaguear. Literalmente. Inscrevi-me na biblioteca da zona, o que me dá acesso as restantes do concelho. Só vi crianças e idosos, onde andam os jovens? "Provavelmente a congeminar uma manif", refilou o meu lado sarcrastico. "É o que está na moda!"

Eu até entendo todas as preocupações, e todos os receios que o pessoal jovem esta a sentir, alías eu sou uma jovem, só não fui para a faculdade, começei a trabalhar mais cedo, mas não vejo onde possamos chegar a partir repartições das finanças, a destruir paragens de autocarros e a levar mocada da policia de intervenção. Sinceramente não sei... Sei uma coisa: Que os meninos vão todos para as universidades, tiram um cursinho, nem que seja com dez e apartir desse momento já entrao num escalão de vencimentos diferente. Passo a explicar: 

Licenciado: Tenho o curso, acho que mereço receber por este trabalho X.

Empregador: Sim, entendo. Mas de momento não podemos disponibilizar mais de Y.

Licenciado: Pois, também entendo. Mas isso não é justo visto as qualificações que tenho!

Empregador: Obviamente que não, mas dado todos os problemas da economia mundial e esta crise enorme, nós também não estamos muito bem, enquanto empresa, daí só podermos disponibilizar este ordenado pelos seus serviços.

Licenciado: Então não estou interessado!

Empregador para a secretária: Liga para uma empresa de trabalho temporário, haverão de ter alguém com um curso técnico, que faça exactamente a mesma coisa, e que ainda venha receber W!

Pois é. Quer-me parecer que a realidade é esta! Que me perdoem por pensamentos tão profundos e insensiveis, mas É VERDADE!! Poucos são os que querem trabalhar, muitos são os que querem um emprego. Infelizmente o país e o mundo não conseguem responder nem a gregos, nem troianos! 

A noite está a cair, ligeiramente, mais tarde. De um quinto andar, vejo a vida das outras pessoas. Uns mais rápidos que outros, uns bem-dispostos, outros nem por isso... mas não tenho visto muita crise. Não mais do que a habitual. As lojas estão menos cheias, mas os centros comerciais continuam a ser roteiro turistico de fim-de-semana. Carros continuam a haver ao pontapé. Provavelmente a pobreza está dentro das casas. Mas na rua anda tudo impecável.

Eu até queria um emprego, das nove as cinco, ao fundo da rua e com a pastelaria no rés-do-chão. Mas um trabalho, por turnos, sem grandes regalias, com horas extraordinárias e um patrão meio trombudo, a duas horas de autocarro e metro, no cimo da sexta colina... também aceito!

Veremos... não é?!